domingo, 28 de fevereiro de 2010

TABUS (FL.SCHROEDER 2ªQUINZ.FEV/10)

Mais um carnaval passou e já estamos na Quaresma. Quaresma lembra sacrifícios, renúncias, jejuns, sofrimento e, principalmente, aceitação da doutrina oficial das religiões cristãs. Quando falo em aceitação, sem questionamentos, quero deixar claro que essa não é uma condição somente das religiões cristãs, mas de todas as grandes religiões. Cada uma delas sustenta suas preconizadas verdades baseando-se em seus livros sagrados. Temos a Tora judaica, a Bíblia cristã e o Alcorão islâmico como principais representantes das religiões ocidentais. Cada um desses livros, considerados sagrados, ou fruto de revelação divina, teve, no correr dos tempos, as mais diversas e bizarras interpretações. No oriente também temos exemplos de livros sagrados, os Vedas, que foram usados para manter o status de uma sociedade dividida em castas, o destino das pessoas vinha determinado de berço, sem chances de mudanças na vida presente.
Quem leu o primeiro parágrafo talvez esteja se questionando, querendo entender onde pretendo chegar. Qualquer pessoa que analisar nossa história perceberá que em nome das religiões cometeram-se atrocidades contra nossos irmãos. O terrível nessa análise é percebermos que, quase sempre, calamos quando o assunto envolve religião. Triste é percebermos que essa cultura do sofrimento continua viva e, para muitos, é considerada como a única forma de salvação.
O tema é extremamente atual. O monsenhor polonês Slawomir Oder, em livro lançado na Itália, com o título “Por que um Santo?”, revelou que o Papa João Paulo II se autoflagelava. Segundo o monsenhor, o Papa possuía um cinto com o qual se açoitava quando estava só e costumava dormir no chão, para penitenciar-se e assim, através do sofrimento corporal, se aproximar do martírio de Cristo. Tal prática é também conhecida como ascese, uma forma radical de expurgar pecados. Difícil é entender como alguém com a bagagem cultural de João Paulo II ainda se submetia a práticas, diria medievais, sendo ele representante de Deus aqui na Terra, segundo as crenças católicas, obviamente. Que Deus é esse, pergunto eu, que se compraz com o sofrimento dos seus filhos? Por que essa fuga do prazer praticada por tantas religiões e culturas?
Em pleno século 21, vários países da África e da Ásia, ainda praticam a Mutilação Genital Feminina, também conhecida como Excisão ou Circuncisão Feminina, que consiste na remoção do clitóris e dos lábios vaginais das meninas, a partir dos cinco anos de idade, e tem como objetivo único evitar que tenham, quando adultas, qualquer prazer sexual. Numa conferência realizada no Cairo, Egito, estimou-se que 120 milhões de crianças e mulheres africanas já foram submetidas à circuncisão, ou seja, à mutilação genital.
Qual a relação entre o cinto do Papa e a mutilação genital feminina? Creio que ambas as situações são fruto da nossa cultura sempre tão pronta a valorizar o sofrimento ao invés do prazer. Quem não conhece o provérbio “muito riso, pouco siso”? Pois ele é reflexo de uma época em que até rir era pecado. Temos atualmente, em nosso pequeno e sofrido planeta os dois extremos convivendo. De um lado, a busca desenfreada do prazer, a qualquer custo, e por outro lado ainda presenciamos práticas primitivas, que creio eu, não ajudam em nada no crescimento do que temos de mais belo ao cultivarmos o potencial amoroso e de compaixão possíveis. Precisamos rever os tabus que nos impedem de questionar alguns assuntos por se tratarem de temas religiosos.

PREVISÕES 2010 (FL.SCHROEDER 1ªQUINZ.FEV/10)

A humanidade sempre foi curiosa. Notamos que, desde os primeiros registros históricos, sempre procuramos desvendar o futuro. Não aceitamos simplesmente que o presente nada mais é que consequência dos nossos atos. Pesquisando na internet, leia-se google, percebi que em todos os tempos, em todos os paises, o homem procurou descobrir o futuro, adivinhar o que a vida lhe reservava ou o que lhe foi destinado. Os gregos, desde os primórdios de sua existência como povo, demonstraram imenso apreço e entusiasmo pela adivinhação do futuro. Acreditavam que os deuses deixavam antever suas vontades através de fenômenos que ocorriam no céu e na terra. Alguns indivíduos começaram a se dedicar à interpretação desses desígnios dos deuses. Elaboraram então formas de consultar os astros, as plantas e as entranhas dos animais buscando ler o futuro dos que os procuravam. Surgiram então os oráculos, sendo o mais famoso deles o de Delfos. A Pitonisa era a sacerdotisa de Delfos. O nome de Pitonisa originou-se de Apolo, o deus da adivinhação, também cognominado de Pítio.
Séculos e milênios fluiram e construiram nossa história, mas continnuamos ainda ávidos por antecipar nosso futuro. Os estudiosos de Nostradamus que o digam. Se já não temos mais as Pitonisas, temos as “Mães Dinah's”, sempre prontas a se manifestar em qualquer programa da televisão.
Por curiosidade avancei minha pesquisa para descobrir o que nos espera no ano que iniciamos e descobri coisas muito interessantes. A Seleção Brasileira de Futebol deverá ganhar a Copa do Mundo de 2010. Ficarei quietinho, pois sou considerado meio pé frio em se tratando de torcer por qualquer time. Há quem preveja que o PT sairá vitorioso nas eleições desse ano. Os que ousarem prever o contrário desconhecem a inteligência dos brasileiros, digo a inteligência dos beneficiados com as dezenas de “vales” e outras formas de esmolas. Cristo já disse, ou escreveram que disse, que nem só de pão vive o homem, um pouco de educação ajudaria. Segundo o horóscopo Chinês 2010 será o ano do Tigre, talvez o último já que os tigres estão em extinção. Já há quem preveja que Ronaldo, é Ronaldo, aquele que joga no Corinthians e já confundiu os sexos em suas noitadas, encontrará um novo amor e vai ter gêmeos. As tensões internacionais se acentuarão. A lista de obviedades é enorme, pois existem previsões para todos os gostos. Começamos o ano assistindo a superprodução 2012, o fim dos tempos atuais segundo as previsões dos Maias, ou melhor, segundo nossas falhas intepretações do que julgamos ser as tais previsões, mas também assistimos Avatar, um filme que é um sonho e um alerta sobre nossa relação com o planeta e quem convive conosco, sejam animais ou plantas.
Conclamo meus leitores a refletirem sobre a irracionalidade que é tentar prever o futuro e pergunto que sentido teria nós estudarmos, trabalharmos e nos sacrificarmos por construir nossas vidas, se tudo já estivesse escrito. Se nossas vidas fossem predestinadas bastaria esperar o desenrolar dos acontecimentos e nos acomodarmos aos nossos sucessos ou fracassos. Nenhum esforço valeria a pena. Todo nosso suor seria em vão. Sou descrente da maioria das teorias, sejam elas religiosas, morais ou filosóficas, mas tenho a profunda convicção de que nós, e somente nós, podemos construir o futuro que queremos. É muito difícil aceitar que estamos aqui solitários e responsáveis por tudo o que nos acontece, mais fácil é jogarmos para algum agente misterioso e sobrenatural nossos próprios fracassos e sucessos. Reflitamos sobre tudo isso.