terça-feira, 25 de junho de 2013
quarta-feira, 24 de março de 2010
E NÓS CALAMOS... (FL.SCHROEDER 1ªQUINZ.MAR/10)
Após uma longa e cinzenta temporada de dias chuvosos, finalmente, amanheceu um dia ensolarado. Abri as janelas da casa, respirei o ar fresco que ainda trazia o cheiro de chuva, de umidade. É interessante como a luz levanta nosso astral. Banhada pelo dourado do sol a natureza toda parece em festa. Nesses momentos esquecemos toda a loucura que a vida nos força a encarar. Esquecemos, inclusive, que tudo o que conhecemos como expressão da vida, flutua sobre tão frágeis cascas, sobre um oceano de lava. Nos últimos meses vimos, nos noticiários, que parte do planeta está sofrendo com terremotos. Primeiro no Haiti, depois no Chile e agora na Turquia. A pergunta que me faço é por que, mesmo sabendo que essas regiões estão sujeitas a terremotos, ainda se constrói sem prever tais eventos, gerando com isso tantas perdas em vidas humanas e, obviamente, tanto sofrimento. Felizmente, nós brasileiros, não sofremos tais cataclismas, mas mesmo assim, criamos nossos próprios. Todos ainda lembramos das chuvas de 2008, dos desmoronamentos, das montanhas vindo abaixo, das tantas vidas e bens sacrificados. Percebo entretanto que não aprendemos nada, pois basta um olhar mais atento aos nossos morros, sim, os morros de Schroeder, Jaraguá e demais cidades próximas. Não precisamos ir longe, basta abrirmos nossas janelas e, com certeza, veremos a terra vermelha, como carne viva, aparecendo na forma de cortes nos morros. Em algum momento, próximo ou no futuro, a natureza tentará se acomodar e, mais uma vez sofreremos as consequências dos nossos atos.
Temos, aqui em Schroeder, dois ou três empresários, metidos no ramo imobiliário, um deles inclusive já passou por cargos públicos, que tratam a natureza como mercadoria. Tais empresários são como um câncer, ou melhor, como lepra, que, lentamente, se espalha sobre nossa paisagem. Nas minhas caminhadas e passeios percebo que desenvolveram uma forma muito sutil de desmatarem, sem qualquer licença ambiental, creio eu, pois começam a roçar por baixo e, de preferência, de forma não visível das ruas ou estradas, e quando nos damos conta já desmataram. Alguns ainda se dão ao trabalho de plantar palmeiras, palmeira real creio eu, caracterizando assim como atividade agrícola o que não passa de projeto imobiliário.
Lamento dispor do meu tempo para tais observações, pois gostaria de escrever sobre coisas mais positivas, mas creio que nós, todos nós, precisamos nos indignar com o que está acontecendo, pois amanhã pagaremos um preço muito alto pelo descaso atual. Vamos, pois, cobrar dos nossos políticos já que somos nós que pagamos os salários deles. Não podemos mais calar, pois calando estaremos sendo coniventes com a destruição ambiental que está ocorrendo. De nada adianta vestirmos camisetas pedindo a preservação dos micos-leões-dourados ou dos pandas, se não nos preocupamos em salvar as pererecas que habitam nossas florestas ou as saracuras dos nossos banhados. Temos atualmente tecnologia e maquinário suficiente para ocupar a terra de forma a preservar e respeitar as demais formas de vida. Não prego nenhuma volta ao passado, mas sim uma forma inteligente e harmônica de nos relacionarmos com o que nos cerca. A mesma Schroeder, com suas cachoeiras, sua figueira centenária, suas Duas Mamas e seus Bracinhos, se descuidarmos, se transformará em apenas mais uma cidade a ocupar as manchetes dos jornais em futuras e previsíveis tragédias ambientais. Já que nossos órgãos fiscalizadores não dispõem de pessoal para dar conta do recado nós, cidadãos, precisamos botar, literalmente, a boca no trombone. Não podemos mais calar.
Temos, aqui em Schroeder, dois ou três empresários, metidos no ramo imobiliário, um deles inclusive já passou por cargos públicos, que tratam a natureza como mercadoria. Tais empresários são como um câncer, ou melhor, como lepra, que, lentamente, se espalha sobre nossa paisagem. Nas minhas caminhadas e passeios percebo que desenvolveram uma forma muito sutil de desmatarem, sem qualquer licença ambiental, creio eu, pois começam a roçar por baixo e, de preferência, de forma não visível das ruas ou estradas, e quando nos damos conta já desmataram. Alguns ainda se dão ao trabalho de plantar palmeiras, palmeira real creio eu, caracterizando assim como atividade agrícola o que não passa de projeto imobiliário.
Lamento dispor do meu tempo para tais observações, pois gostaria de escrever sobre coisas mais positivas, mas creio que nós, todos nós, precisamos nos indignar com o que está acontecendo, pois amanhã pagaremos um preço muito alto pelo descaso atual. Vamos, pois, cobrar dos nossos políticos já que somos nós que pagamos os salários deles. Não podemos mais calar, pois calando estaremos sendo coniventes com a destruição ambiental que está ocorrendo. De nada adianta vestirmos camisetas pedindo a preservação dos micos-leões-dourados ou dos pandas, se não nos preocupamos em salvar as pererecas que habitam nossas florestas ou as saracuras dos nossos banhados. Temos atualmente tecnologia e maquinário suficiente para ocupar a terra de forma a preservar e respeitar as demais formas de vida. Não prego nenhuma volta ao passado, mas sim uma forma inteligente e harmônica de nos relacionarmos com o que nos cerca. A mesma Schroeder, com suas cachoeiras, sua figueira centenária, suas Duas Mamas e seus Bracinhos, se descuidarmos, se transformará em apenas mais uma cidade a ocupar as manchetes dos jornais em futuras e previsíveis tragédias ambientais. Já que nossos órgãos fiscalizadores não dispõem de pessoal para dar conta do recado nós, cidadãos, precisamos botar, literalmente, a boca no trombone. Não podemos mais calar.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
TABUS (FL.SCHROEDER 2ªQUINZ.FEV/10)
Mais um carnaval passou e já estamos na Quaresma. Quaresma lembra sacrifícios, renúncias, jejuns, sofrimento e, principalmente, aceitação da doutrina oficial das religiões cristãs. Quando falo em aceitação, sem questionamentos, quero deixar claro que essa não é uma condição somente das religiões cristãs, mas de todas as grandes religiões. Cada uma delas sustenta suas preconizadas verdades baseando-se em seus livros sagrados. Temos a Tora judaica, a Bíblia cristã e o Alcorão islâmico como principais representantes das religiões ocidentais. Cada um desses livros, considerados sagrados, ou fruto de revelação divina, teve, no correr dos tempos, as mais diversas e bizarras interpretações. No oriente também temos exemplos de livros sagrados, os Vedas, que foram usados para manter o status de uma sociedade dividida em castas, o destino das pessoas vinha determinado de berço, sem chances de mudanças na vida presente.
Quem leu o primeiro parágrafo talvez esteja se questionando, querendo entender onde pretendo chegar. Qualquer pessoa que analisar nossa história perceberá que em nome das religiões cometeram-se atrocidades contra nossos irmãos. O terrível nessa análise é percebermos que, quase sempre, calamos quando o assunto envolve religião. Triste é percebermos que essa cultura do sofrimento continua viva e, para muitos, é considerada como a única forma de salvação.
O tema é extremamente atual. O monsenhor polonês Slawomir Oder, em livro lançado na Itália, com o título “Por que um Santo?”, revelou que o Papa João Paulo II se autoflagelava. Segundo o monsenhor, o Papa possuía um cinto com o qual se açoitava quando estava só e costumava dormir no chão, para penitenciar-se e assim, através do sofrimento corporal, se aproximar do martírio de Cristo. Tal prática é também conhecida como ascese, uma forma radical de expurgar pecados. Difícil é entender como alguém com a bagagem cultural de João Paulo II ainda se submetia a práticas, diria medievais, sendo ele representante de Deus aqui na Terra, segundo as crenças católicas, obviamente. Que Deus é esse, pergunto eu, que se compraz com o sofrimento dos seus filhos? Por que essa fuga do prazer praticada por tantas religiões e culturas?
Em pleno século 21, vários países da África e da Ásia, ainda praticam a Mutilação Genital Feminina, também conhecida como Excisão ou Circuncisão Feminina, que consiste na remoção do clitóris e dos lábios vaginais das meninas, a partir dos cinco anos de idade, e tem como objetivo único evitar que tenham, quando adultas, qualquer prazer sexual. Numa conferência realizada no Cairo, Egito, estimou-se que 120 milhões de crianças e mulheres africanas já foram submetidas à circuncisão, ou seja, à mutilação genital.
Qual a relação entre o cinto do Papa e a mutilação genital feminina? Creio que ambas as situações são fruto da nossa cultura sempre tão pronta a valorizar o sofrimento ao invés do prazer. Quem não conhece o provérbio “muito riso, pouco siso”? Pois ele é reflexo de uma época em que até rir era pecado. Temos atualmente, em nosso pequeno e sofrido planeta os dois extremos convivendo. De um lado, a busca desenfreada do prazer, a qualquer custo, e por outro lado ainda presenciamos práticas primitivas, que creio eu, não ajudam em nada no crescimento do que temos de mais belo ao cultivarmos o potencial amoroso e de compaixão possíveis. Precisamos rever os tabus que nos impedem de questionar alguns assuntos por se tratarem de temas religiosos.
Quem leu o primeiro parágrafo talvez esteja se questionando, querendo entender onde pretendo chegar. Qualquer pessoa que analisar nossa história perceberá que em nome das religiões cometeram-se atrocidades contra nossos irmãos. O terrível nessa análise é percebermos que, quase sempre, calamos quando o assunto envolve religião. Triste é percebermos que essa cultura do sofrimento continua viva e, para muitos, é considerada como a única forma de salvação.
O tema é extremamente atual. O monsenhor polonês Slawomir Oder, em livro lançado na Itália, com o título “Por que um Santo?”, revelou que o Papa João Paulo II se autoflagelava. Segundo o monsenhor, o Papa possuía um cinto com o qual se açoitava quando estava só e costumava dormir no chão, para penitenciar-se e assim, através do sofrimento corporal, se aproximar do martírio de Cristo. Tal prática é também conhecida como ascese, uma forma radical de expurgar pecados. Difícil é entender como alguém com a bagagem cultural de João Paulo II ainda se submetia a práticas, diria medievais, sendo ele representante de Deus aqui na Terra, segundo as crenças católicas, obviamente. Que Deus é esse, pergunto eu, que se compraz com o sofrimento dos seus filhos? Por que essa fuga do prazer praticada por tantas religiões e culturas?
Em pleno século 21, vários países da África e da Ásia, ainda praticam a Mutilação Genital Feminina, também conhecida como Excisão ou Circuncisão Feminina, que consiste na remoção do clitóris e dos lábios vaginais das meninas, a partir dos cinco anos de idade, e tem como objetivo único evitar que tenham, quando adultas, qualquer prazer sexual. Numa conferência realizada no Cairo, Egito, estimou-se que 120 milhões de crianças e mulheres africanas já foram submetidas à circuncisão, ou seja, à mutilação genital.
Qual a relação entre o cinto do Papa e a mutilação genital feminina? Creio que ambas as situações são fruto da nossa cultura sempre tão pronta a valorizar o sofrimento ao invés do prazer. Quem não conhece o provérbio “muito riso, pouco siso”? Pois ele é reflexo de uma época em que até rir era pecado. Temos atualmente, em nosso pequeno e sofrido planeta os dois extremos convivendo. De um lado, a busca desenfreada do prazer, a qualquer custo, e por outro lado ainda presenciamos práticas primitivas, que creio eu, não ajudam em nada no crescimento do que temos de mais belo ao cultivarmos o potencial amoroso e de compaixão possíveis. Precisamos rever os tabus que nos impedem de questionar alguns assuntos por se tratarem de temas religiosos.
PREVISÕES 2010 (FL.SCHROEDER 1ªQUINZ.FEV/10)
A humanidade sempre foi curiosa. Notamos que, desde os primeiros registros históricos, sempre procuramos desvendar o futuro. Não aceitamos simplesmente que o presente nada mais é que consequência dos nossos atos. Pesquisando na internet, leia-se google, percebi que em todos os tempos, em todos os paises, o homem procurou descobrir o futuro, adivinhar o que a vida lhe reservava ou o que lhe foi destinado. Os gregos, desde os primórdios de sua existência como povo, demonstraram imenso apreço e entusiasmo pela adivinhação do futuro. Acreditavam que os deuses deixavam antever suas vontades através de fenômenos que ocorriam no céu e na terra. Alguns indivíduos começaram a se dedicar à interpretação desses desígnios dos deuses. Elaboraram então formas de consultar os astros, as plantas e as entranhas dos animais buscando ler o futuro dos que os procuravam. Surgiram então os oráculos, sendo o mais famoso deles o de Delfos. A Pitonisa era a sacerdotisa de Delfos. O nome de Pitonisa originou-se de Apolo, o deus da adivinhação, também cognominado de Pítio.
Séculos e milênios fluiram e construiram nossa história, mas continnuamos ainda ávidos por antecipar nosso futuro. Os estudiosos de Nostradamus que o digam. Se já não temos mais as Pitonisas, temos as “Mães Dinah's”, sempre prontas a se manifestar em qualquer programa da televisão.
Por curiosidade avancei minha pesquisa para descobrir o que nos espera no ano que iniciamos e descobri coisas muito interessantes. A Seleção Brasileira de Futebol deverá ganhar a Copa do Mundo de 2010. Ficarei quietinho, pois sou considerado meio pé frio em se tratando de torcer por qualquer time. Há quem preveja que o PT sairá vitorioso nas eleições desse ano. Os que ousarem prever o contrário desconhecem a inteligência dos brasileiros, digo a inteligência dos beneficiados com as dezenas de “vales” e outras formas de esmolas. Cristo já disse, ou escreveram que disse, que nem só de pão vive o homem, um pouco de educação ajudaria. Segundo o horóscopo Chinês 2010 será o ano do Tigre, talvez o último já que os tigres estão em extinção. Já há quem preveja que Ronaldo, é Ronaldo, aquele que joga no Corinthians e já confundiu os sexos em suas noitadas, encontrará um novo amor e vai ter gêmeos. As tensões internacionais se acentuarão. A lista de obviedades é enorme, pois existem previsões para todos os gostos. Começamos o ano assistindo a superprodução 2012, o fim dos tempos atuais segundo as previsões dos Maias, ou melhor, segundo nossas falhas intepretações do que julgamos ser as tais previsões, mas também assistimos Avatar, um filme que é um sonho e um alerta sobre nossa relação com o planeta e quem convive conosco, sejam animais ou plantas.
Conclamo meus leitores a refletirem sobre a irracionalidade que é tentar prever o futuro e pergunto que sentido teria nós estudarmos, trabalharmos e nos sacrificarmos por construir nossas vidas, se tudo já estivesse escrito. Se nossas vidas fossem predestinadas bastaria esperar o desenrolar dos acontecimentos e nos acomodarmos aos nossos sucessos ou fracassos. Nenhum esforço valeria a pena. Todo nosso suor seria em vão. Sou descrente da maioria das teorias, sejam elas religiosas, morais ou filosóficas, mas tenho a profunda convicção de que nós, e somente nós, podemos construir o futuro que queremos. É muito difícil aceitar que estamos aqui solitários e responsáveis por tudo o que nos acontece, mais fácil é jogarmos para algum agente misterioso e sobrenatural nossos próprios fracassos e sucessos. Reflitamos sobre tudo isso.
Séculos e milênios fluiram e construiram nossa história, mas continnuamos ainda ávidos por antecipar nosso futuro. Os estudiosos de Nostradamus que o digam. Se já não temos mais as Pitonisas, temos as “Mães Dinah's”, sempre prontas a se manifestar em qualquer programa da televisão.
Por curiosidade avancei minha pesquisa para descobrir o que nos espera no ano que iniciamos e descobri coisas muito interessantes. A Seleção Brasileira de Futebol deverá ganhar a Copa do Mundo de 2010. Ficarei quietinho, pois sou considerado meio pé frio em se tratando de torcer por qualquer time. Há quem preveja que o PT sairá vitorioso nas eleições desse ano. Os que ousarem prever o contrário desconhecem a inteligência dos brasileiros, digo a inteligência dos beneficiados com as dezenas de “vales” e outras formas de esmolas. Cristo já disse, ou escreveram que disse, que nem só de pão vive o homem, um pouco de educação ajudaria. Segundo o horóscopo Chinês 2010 será o ano do Tigre, talvez o último já que os tigres estão em extinção. Já há quem preveja que Ronaldo, é Ronaldo, aquele que joga no Corinthians e já confundiu os sexos em suas noitadas, encontrará um novo amor e vai ter gêmeos. As tensões internacionais se acentuarão. A lista de obviedades é enorme, pois existem previsões para todos os gostos. Começamos o ano assistindo a superprodução 2012, o fim dos tempos atuais segundo as previsões dos Maias, ou melhor, segundo nossas falhas intepretações do que julgamos ser as tais previsões, mas também assistimos Avatar, um filme que é um sonho e um alerta sobre nossa relação com o planeta e quem convive conosco, sejam animais ou plantas.
Conclamo meus leitores a refletirem sobre a irracionalidade que é tentar prever o futuro e pergunto que sentido teria nós estudarmos, trabalharmos e nos sacrificarmos por construir nossas vidas, se tudo já estivesse escrito. Se nossas vidas fossem predestinadas bastaria esperar o desenrolar dos acontecimentos e nos acomodarmos aos nossos sucessos ou fracassos. Nenhum esforço valeria a pena. Todo nosso suor seria em vão. Sou descrente da maioria das teorias, sejam elas religiosas, morais ou filosóficas, mas tenho a profunda convicção de que nós, e somente nós, podemos construir o futuro que queremos. É muito difícil aceitar que estamos aqui solitários e responsáveis por tudo o que nos acontece, mais fácil é jogarmos para algum agente misterioso e sobrenatural nossos próprios fracassos e sucessos. Reflitamos sobre tudo isso.
sábado, 23 de janeiro de 2010
ESPERANÇA OU TEMOR? (Fl.Schroeder 2ªQuinz/Jan/10)
Glückliches neues jahr! Pois é, tudo recomeça. Sei lá se podemos chamar de recomeço, pois as coisas parecem tão iguais. Aquecimento global ou paranóia dos ecologistas? Desmoronamentos, enchentes, mortes, tudo misturado ao noticiário da quantidade de fogos que foram queimados na virada. Dubai inaugura o mais alto prédio do planeta, Burj Khalifa, com quase um quilômetro de altura, uma verdadeira Torre de Babel. Na China um cidadão foi condenado a doze anos de prisão por crime ambiental, matou a tiros e comeu, em companhia de amigos, o que se considerava ser o último exemplar que restava do tigre da Indochina. As abelhas comuns, aquelas que nos fornecem o doce mel, estão sofrendo uma redução drástica tanto nos Estados Unidos quanto na Europa. O diabo-da-tasmânia está morrendo de um misterioso câncer. Folheio os jornais e revistas que recebi nesse início de ano e, desculpem-me, mas sinto uma enorme vontade de esvaziar meu Johnnie Walker, Black Label, que um amigo me presenteou para ajudar a suportar a carga emocional de todas as viradas de ano. O problema é que sou quase abstêmio e acho a realidade dopante o suficiente para não querer beber nada além de alguns vinhos especiais.
Iniciei o ano assistindo a alguns filmes, caminhando muito, visitando algumas cachoeiras esquecidas pelos nossos veranistas, que preferem o agito das praias ao encanto silencioso das nossas montanhas ainda tão cheias de águas mágicas. O ano promete, pois teremos além da copa do mundo de futebol as eleições para presidente, governadores, deputados e senadores. Muito circo pela frente, pão quem sabe, nem tanto. Os marqueteiros da hora embalarão em novas roupagens as velhas mentiras. Esqueceremos as cuecas e meias cheias de dinheiro, assim como esqueceremos as orações descaradas de agradecimento a Deus pelas maracutaias que enriquecem uns poucos com o suado dinheiro dos muitos que trabalham silenciosos pelo Brasil afora. Tenho, infelizmente, quase certeza que, mais uma vez, reelegeremos as velhas raposas de sempre para cuidar dos nossos frágeis galinheiros.
Assustador é, também, ler nas entrelinhas dos jornais e revistas, matérias que tratam da proposta, ou melhor, do Decreto dos Direitos Humanos, elaborado pelo secretário especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, decreto que volta a propor o controle da imprensa. Imaginem, pois, como será nosso futuro se o governo, quando falamos em governo não podemos esquecer que ele é formado por pessoas, filtrar o que podemos e o que não devemos ficar sabendo. Se descuidarmos todos nós seremos transformados em marionetes, assunto que já abordei em crônica, e não passaremos de massa de manobra de políticos que jamais revelarão seus escusos motivos. Seremos, mais uma vez, inocentes úteis, pois sabedores da nossa ignorância nos guiarão por caminhos e metas que só interessam aos poucos que trafegam no que chamamos de esfera política. Bertolt Brecht escreveu que – o pior analfabeto é o analfabeto político – e eu concordo com ele.
Precisamos fazer um grande esforço para que o temor não nos paralise e nos transforme em cordeiros que, passivamente, se dirigem ao matadouro. Acho a esperança um quase vício, pois há sempre o perigo de, com a esperança, jogarmos para o futuro atitudes que deveríamos tomar agora, mas precisamos sonhar sim, porém com os pés firmes no chão da realidade, que pode ser assustadora, mas é apenas aquilo que nós construímos com nossas tentativas falhas.
Iniciei o ano assistindo a alguns filmes, caminhando muito, visitando algumas cachoeiras esquecidas pelos nossos veranistas, que preferem o agito das praias ao encanto silencioso das nossas montanhas ainda tão cheias de águas mágicas. O ano promete, pois teremos além da copa do mundo de futebol as eleições para presidente, governadores, deputados e senadores. Muito circo pela frente, pão quem sabe, nem tanto. Os marqueteiros da hora embalarão em novas roupagens as velhas mentiras. Esqueceremos as cuecas e meias cheias de dinheiro, assim como esqueceremos as orações descaradas de agradecimento a Deus pelas maracutaias que enriquecem uns poucos com o suado dinheiro dos muitos que trabalham silenciosos pelo Brasil afora. Tenho, infelizmente, quase certeza que, mais uma vez, reelegeremos as velhas raposas de sempre para cuidar dos nossos frágeis galinheiros.
Assustador é, também, ler nas entrelinhas dos jornais e revistas, matérias que tratam da proposta, ou melhor, do Decreto dos Direitos Humanos, elaborado pelo secretário especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, decreto que volta a propor o controle da imprensa. Imaginem, pois, como será nosso futuro se o governo, quando falamos em governo não podemos esquecer que ele é formado por pessoas, filtrar o que podemos e o que não devemos ficar sabendo. Se descuidarmos todos nós seremos transformados em marionetes, assunto que já abordei em crônica, e não passaremos de massa de manobra de políticos que jamais revelarão seus escusos motivos. Seremos, mais uma vez, inocentes úteis, pois sabedores da nossa ignorância nos guiarão por caminhos e metas que só interessam aos poucos que trafegam no que chamamos de esfera política. Bertolt Brecht escreveu que – o pior analfabeto é o analfabeto político – e eu concordo com ele.
Precisamos fazer um grande esforço para que o temor não nos paralise e nos transforme em cordeiros que, passivamente, se dirigem ao matadouro. Acho a esperança um quase vício, pois há sempre o perigo de, com a esperança, jogarmos para o futuro atitudes que deveríamos tomar agora, mas precisamos sonhar sim, porém com os pés firmes no chão da realidade, que pode ser assustadora, mas é apenas aquilo que nós construímos com nossas tentativas falhas.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
REVEILLON (FL.SCHROEDER 2ªQUINZ.DEZ/09)
Enquanto para algumas pessoas o ano demorou, muitos afirmam que não o viram passar. O tempo escapa por entre os dedos e mais uma vez estamos nos preparando para o “reveillon”, para o despertar de mais um ano. Comportamo-nos como se fosse possível apagar todas aquelas lembranças desagradáveis do ano que se encerra e nos armamos com as centenas de pequenas superstições que herdamos das tradições. Ávidos pesquisamos quantos grãos de lentilha são necessários para que no próximo ano nossa mesa seja farta. Enchemos nossas carteiras com sementes de romã e também é possível guardar de 3 a 7 bagos de uva na bolsa, tudo para que não nos falte dinheiro. A carne de porco deve ser o prato principal da ceia, servida à meia-noite. Como o porco fuça para a frente, garante armários cheios o ano inteiro. Evite aves, pois ciscam para trás. Afogar o ganso então, nem pensar.
A dona de casa deverá limpar a casa, varrendo-a de trás para frente, deixar o lixo fora segundo alguns; outros, mandam jogar no mar (poluindo a santa natureza). As vassouras devem ser queimadas e as cinzas enterradas. Nada quebrado deve ser deixado na casa (jarros de planta, garrafas, copos, pratos e espelhos). Lavar os batentes da casa com sal grosso e água, ou água do mar. Borrifar a casa com água-benta nos quatro cantos. O bom mesmo é pintar toda a casa, colocar lâmpadas novas (não deixar lâmpadas queimadas). Verificar se os sapatos estão desemborcados e se as roupas não estão pelo avesso. E as flores da casa devem ser amarelas para chamar ouro. Tudo isso para atrair a boa sorte, os bons fluidos no Ano Novo que vai chegar.
Superstições e brincadeiras a parte, creio que muitos dos meus leitores entendem que o ano que começa nos trará tão somente aquilo que semearmos, ou melhor aquilo que construirmos com nosso trabalho, nosso estudo, mas grande parte da nossa humanidade ainda espera por soluções mágicas. A mente humana é uma máquina lógica imperfeita e baseia suas conclusões sem base científica, sem conhecimento das reais implicações do que se denomina causa e efeito. Renato Sabbatini, da Unicamp, escreveu que uma das armadilhas mais comuns em que a mente humana cai, é chamada de efeito "propter hoc". Esse nome vem de uma frase em latim: "Post hoc ergo propter hoc", e que significa "se algo acontece depois disso, então é devido a isso". É como se fosse uma relação causa-efeito que parece existir devido à proximidade temporal entre dois eventos, mas que, na realidade, não têm conexão entre si. Um exemplo em medicina é dado por uma frase aparentemente brincalhona, mas que tem implicações bastante sérias: "Se uma gripe não for tratada, ela dura uma semana, se for tratada, dura apenas sete dias".
Eu, pessoalmente, ando meio descrente. Cansei das frases feitas, dos cartões que se repetem, das cidras e dos espumantes que só me deixam com dor de cabeça e dos foguetes que atrapalham o silêncio que procuro. Nego-me, portanto, a comer lentilhas, romãs e bagos de uva. Dos porcos quero distância e as aves deixarei que voem e procurem outros verões. Talvez coma um pedaço de melancia, vestindo uma cueca velha e bem colorida e ficarei cuspindo as sementes sobre as cabeças dos bêbados da calçada. Não desejarei feliz ano novo, pois sei muito bem que o que importará no próximo ano não são meus desejos, mas sim o que cada um fará com seus próprios desejos. Vou encher meus bolsos com muitas letras, para que eu possa continuar escrevendo minhas loucas idéias. Até o ano que vem...
A dona de casa deverá limpar a casa, varrendo-a de trás para frente, deixar o lixo fora segundo alguns; outros, mandam jogar no mar (poluindo a santa natureza). As vassouras devem ser queimadas e as cinzas enterradas. Nada quebrado deve ser deixado na casa (jarros de planta, garrafas, copos, pratos e espelhos). Lavar os batentes da casa com sal grosso e água, ou água do mar. Borrifar a casa com água-benta nos quatro cantos. O bom mesmo é pintar toda a casa, colocar lâmpadas novas (não deixar lâmpadas queimadas). Verificar se os sapatos estão desemborcados e se as roupas não estão pelo avesso. E as flores da casa devem ser amarelas para chamar ouro. Tudo isso para atrair a boa sorte, os bons fluidos no Ano Novo que vai chegar.
Superstições e brincadeiras a parte, creio que muitos dos meus leitores entendem que o ano que começa nos trará tão somente aquilo que semearmos, ou melhor aquilo que construirmos com nosso trabalho, nosso estudo, mas grande parte da nossa humanidade ainda espera por soluções mágicas. A mente humana é uma máquina lógica imperfeita e baseia suas conclusões sem base científica, sem conhecimento das reais implicações do que se denomina causa e efeito. Renato Sabbatini, da Unicamp, escreveu que uma das armadilhas mais comuns em que a mente humana cai, é chamada de efeito "propter hoc". Esse nome vem de uma frase em latim: "Post hoc ergo propter hoc", e que significa "se algo acontece depois disso, então é devido a isso". É como se fosse uma relação causa-efeito que parece existir devido à proximidade temporal entre dois eventos, mas que, na realidade, não têm conexão entre si. Um exemplo em medicina é dado por uma frase aparentemente brincalhona, mas que tem implicações bastante sérias: "Se uma gripe não for tratada, ela dura uma semana, se for tratada, dura apenas sete dias".
Eu, pessoalmente, ando meio descrente. Cansei das frases feitas, dos cartões que se repetem, das cidras e dos espumantes que só me deixam com dor de cabeça e dos foguetes que atrapalham o silêncio que procuro. Nego-me, portanto, a comer lentilhas, romãs e bagos de uva. Dos porcos quero distância e as aves deixarei que voem e procurem outros verões. Talvez coma um pedaço de melancia, vestindo uma cueca velha e bem colorida e ficarei cuspindo as sementes sobre as cabeças dos bêbados da calçada. Não desejarei feliz ano novo, pois sei muito bem que o que importará no próximo ano não são meus desejos, mas sim o que cada um fará com seus próprios desejos. Vou encher meus bolsos com muitas letras, para que eu possa continuar escrevendo minhas loucas idéias. Até o ano que vem...
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