Palavras sem nexo
talvez,
mas quentes
como um beijo,
fortes
como um abraço,
acolhedoras
como um útero,
venenosas
como uma serpente.
Manchetes de jornal
em tipos-sangue,
tipos grafi-pavor,
horror-realidade,
fatalidades,
destino inconsciente
de quem se diz racional.
Mas há palavras, sim,
traçadas no rosto,
esculpidas nos calos,
assim como um membro
teso,
preso entre as cochas,
arrebentando a carne,
num geme-sorriso
de quem não quer
mas pede mais.
Num ejacular constante
de palavras,
cuja forma e cor
não mudam,
poeta após poeta
enchem linhas
com frases mágicas,
trágicas.
Frases proscritas são ditas,
dia-a-dia,
no prostíbulo humano.
É foda
bater ponto,
enfrentar filas,
julgar sendo julgado
pelo mais vil dos pensadores.
A caixa registradora
computando fracassos,
o caixa-deus
traçando destinos
de homens numerados,
programados, racionais.
A mão sagrada
apertando teclas,
apalpando seios,
coçando pentelhos,
disparando bombas,
pedindo clemência
e escrevendo versos.
A boca torcida
pedindo carícias,
falando besteiras,
soltando a língua,
procurando a vagina,
mas também
piedosa,
clamando as graças
da Virgem Santa
aos pés de uma prostituta.
O humor negro
nos pensamentos,
decepando crianças,
estuprando freiras,
matando de fome,
congelando grávidas
esperanças
de um amanhã sem medo.
Mas é preciso escrever
mais,
sempre mais,
até que cada célula
tenha como núcleo uma mensagem.
É preciso se recompor
a cada bomba,
juntar cada pedaço,
voltar à caverna,
respirar a água feito um peixe,
e a vida
qual feixe de luz
atravessando tudo,
revivendo cada átomo.
3 comentários:
Humnnnn ... Eu adorei o livro!
Esse poema é muito profundo!
Parabéns!
É preciso escrever mais, sempre mais, sim, claro!
Gostei dos escritor por aqui, Gil! Os contos diretos e os poemas idem.
Parabéns!
Passarei mais vezes...
abraços
Poemas fascinante!
sem palavras....
Volto com mais tempo para ler mais!
Que bom ter mais um ótimo blog para visitar!
Adri.n
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