domingo, 29 de novembro de 2009

REPROVAÇÃO ESCOLAR (FL.SCHROEDER 1ªQUINZ.NOV/09)

Na divulgação do meu trabalho poético-musical visitei várias escolas da região e, conversando com os professores, ou melhor, com as professoras, já que elas são a maioria no ensino fundamental, percebo uma preocupação muito grande com a possibilidade de reprovar ou não alunos não preparados para o próximo ano ou série. Sou de um tempo em que nem se discutia a questão da reprovação, pois estava já implícito que o aluno deveria atingir notas mínimas para passar de ano. O ensino fundamental, naqueles tempos, era dividido em primário e ginásio e para cursar o ginásio não bastava apenas passar de ano, era preciso passar por um exame de admissão. A alfabetização era na base do be-a-ba, be-e-be e assim, decorando, aprendíamos a ler em poucos meses. Ler e escrever eram naqueles não tão longínquos tempos, essenciais a introdução de qualquer outra matéria escolar.
Não pretendo, de modo algum, sugerir que retrocedamos no tempo, mas é preciso que aqueles que atualmente definem os métodos de ensino analisem com mais profundidade se estamos no caminho certo ou se nos desviamos e não temos a coragem de admitir as falhas metodológicas que hoje vemos serem aplicadas em nossas escolas, principalmente as da rede pública. Há, percebo, uma preocupação estatística com fins meramente de promoção política, quando são analisadas as taxas de reprovação e evasão escolar. Escolas que reprovam menos são citadas como referência.
Vejo em muitas escolas alunos frequentando o quarto ou quinto ano do ensino fundamental sem saberem ler. Preocupante é saber que esses alunos são obrigados a estudar com as turmas regulares, tudo em nome de uma suposta inclusão, que se friamente analisado acaba os prejudicando, pois precisariam de um acompanhamento diferenciado, como também estão sendo prejudicados os outros trinta ou mais alunos da mesma turma que poderiam avançar nos estudos e são obrigados a dividir uma professora, ou professor, nem sempre preparados para dar conta do problema que lhes é colocado.
Num momento em que deveríamos nos preocupar em melhorar e adaptar nossos métodos de ensino às novas tecnologias, tais como internet e tantos outros recursos hoje disponíveis, infelizmente estamos retrocedendo e nivelando por baixo nosso ensino fundamental. Formamos multidões de adolescentes semi-analfabetos, ou analfabetos funcionais, como costumamos chamar aqueles que mesmo sabendo ler não conseguem interpretar um parágrafo de qualquer assunto. Enquanto isso nossos políticos gastam seu tempo em estabelecer cotas raciais para o ingresso nas faculdades, como se o acesso a um curso superior apagasse ou tivesse a capacidade de recuperar uma base de aprendizado completamente falha.
Conclamo os pais e professores para que juntos repensem o modelo atual antes que joguemos na lata de lixo mais uma geração de estudantes, pois de nada adianta capricharmos no telhado de uma construção se sua base está fraca e, mais tarde levará tudo ao chão. Se nós não exigirmos mudanças que impliquem numa real melhoria nos métodos de ensino, tais como a qualificação e acompanhamento profissional daqueles que hoje comandam as tantas salas de aula do nosso país, jamais alcançaremos o nível dos que investem pesado na formação dos seus cidadãos. Formaremos, na melhor das hipóteses, mão de obra barata para as grandes corporações que comandam a economia mundial.

Um comentário:

Unknown disse...

Todos os alunos tem o mesmo direito e deveres e acessos as informações dentro de sala de aula.
Portanto deviria sim respeitar a media escolar,não alcançou reprova.
Semi analfabeto são todos aqueles que não sabem interpretar um texto, e quanto deste estão por ai.
Sem deixar de mencionar os políticos que não querem admitir esta constatação e fazem de tudo para passar de ano estes alunos e se vangloriarem deste feito e não encaram esta triste realidade, sem deixar de mencionar o baixo salário deste nosso professores que muitos deste não tem sequer computador e acesso a internet em suas casas.