domingo, 29 de novembro de 2009

PANIS ET CIRCENSES (FL.SCHROEDER 2ªQUINZ.NOV/09)

Nas ruas das cidades milhares de luzes coloridas piscam freneticamente. Apagão? Onde? O natal se aproxima e novembro já antecipa um pouco do calor do verão que ainda nem começou. Pessoas andam e trabalham freneticamente. As vitrines expõem tudo o que é possível imaginar, quase tudo supérfluo. Os departamentos de marketing e vendas criam sempre novas necessidades. Tudo aquilo que você comprou e presenteou no ano passado já está ultrapassado e, certamente, seus filhos, esposas, maridos e amigos esperam que você renove seus estoques de lembranças. Monta-se o grande espetáculo das festas de final de ano. Algumas pessoas talvez até ainda lembrem que o natal já foi uma festa religiosa, o aniversário do Cristo, mas a grande massa humana quer mesmo fazer festa em grande estilo. Repetem-se as frases de sempre; feliz natal, feliz ano novo...
Resta hoje muito pouco do charme religioso das festas de final de ano. O grande astro e personagem principal é mais conhecido como Papai Noel. Mas quem é ou foi esse gordo e estranho personagem? Alguns estudiosos afirmam que a figura do “bom velhinho” foi inspirada num bispo chamado Nicolau, que nasceu na Turquia em 280 d.C., homem de bom coração que ajudava os pobres deixando saquinhos com moedas próximos às chaminés das casas. Até quase o final do século XIX, o Papai Noel era representado com roupas de inverno na cor marrom ou verde escuro. O cartunista alemão Thomas Nast, em 1886, criou uma nova imagem colorindo as roupas nas cores vermelha e branca, com cinto preto e apresentando a versão na revista Harper's Weeklys neste mesmo ano.
Em 1931, uma campanha publicitária da Coca-Cola mostrou o Papai Noel com as roupas criadas por Nast, que também eram as cores do refrigerante. A campanha fez enorme sucesso e espalhou a nova imagem do Papai Noel, ou Santa Claus, pelo mundo. Desde então a figura do velhinho de barbas brancas, que vem lá do Pólo Norte em seu trenó, puxado por renas, sempre acompanhado pelos duendes, está cada vez mais associado ao voraz consumismo que marca nossa época. Milhões de crianças, pelo mundo todo, esperam ansiosas que o velhinho lhes traga todos os presentes que enchem as vitrines, para o desespero dos pais. E assim, ano após ano, remonta-se o espetáculo que, dessa forma, nos distrai, faz com que esqueçamos as agruras do ano que finda e nos enche de utópicas esperanças para o ano novo.
Como na Roma antiga, o povo quer mesmo é pão e circo. No nosso caso, no Brasil, mais circo que pão. Nossos governantes suprem através dos mais diversos “vales” as necessidades básicas, aquelas mais rasas. O show deve continuar, pois afinal logo, logo, teremos a Copa do Mundo de Futebol, depois as Olimpíadas e, para suprir qualquer necessidade maior há o petróleo do pré-sal adiante. Para o próximo ano teremos eleições e, provavelmente mais uma vez, seremos bombardeados com soluções milagrosas, promessas que não sobrevivem um dia após a posse, pois o povo não tem memória mesmo.
Arma-se um circo enorme e permitimos que nos iludam. Pergunto aos meus leitores o que faremos quando o circo pegar fogo e descobrirmos que poderíamos ter feito um mundo melhor, mais justo, mais harmônico. Como seria nosso planeta, nossa humanidade, se realmente investíssemos em educação, mas uma educação focada no bem viver, no realmente ser ao invés de apenas ter?

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