SONHOS (FOLHA DE SCHROEDER 15/05/2009)
Gil Salomon
Após o jantar deitei no sofá e comecei a cochilar, estava na fronteira entre o sono e a consciência. Despertei e comecei a lembrar dos estranhos sonhos que já tive em meus sonos. Quase sempre lembro claramente dos sonhos após acordar. Mas afinal o que os produz? Antigamente os sonhos eram vistos como revelações do além e pessoas que se diziam capazes de decifrá-los galgavam altos postos juntos aos monarcas, principalmente, e aos poderosos. Hoje a ciência procura desmascarar o misticismo que sempre os cercou afirmando que são produzidos pelas impressões gravadas do nosso cotidiano, experiências, traumas, desejos não realizados. Mesmo assim os sonhos ainda fascinam.
Quando criança costumava ter sonhos recorrentes. Num deles observava um rio do alto de um barranco. De repente o barranco começava a desmoronar e eu começava a correr, quanto mais corria mais rápido ele desmoronava e, após um tempo, que sempre parecia enorme, acordava suado e assustado. Já não sonho mais com o rio, até por que o rio da minha Schroederstrasse encolheu e já não passa de um pequeno riacho de águas sujas. Havia também os sonhos quase cômicos. Várias vezes sonhei estar numa festa, num salão cheio de pessoas bem vestidas, mas de repente, ao olhar para baixo percebia haver esquecido de calçar um sapato. Lá estava eu com um sapato e um chinelo, procurando, se possível, esconder um pé e torcendo para que ninguém percebesse.
Já na faculdade de parapsicologia fui aconselhado a fazer uma regressão às minhas vidas passadas para tentar descobrir o porquê de um sonho que voltava sempre. Sonhava estar cercado por pessoas conhecidas, quando começava lentamente a perder a visão até cegar completamente. Desesperado chamava pelos meus amigos, mas por mais que chamasse, mesmo sentindo estar cercado por eles, ninguém respondia. Aproveitei a vinda de um parapsicólogo, especialista em regressões, e me inscrevi para fazer a experiência. Após uma sessão ele concluiu que em uma vida pregressa eu havia sido um membro da chamada seita dos cátaros, que surgiu no sul da França no século XI e foi exterminada no século XIII. Nessa vida fui condenado à fogueira, mas antes disso fui cegado e isso teria deixado marcas muito fundas em minha alma. Fiquei impressionado na ocasião, mas depois de assistir a várias outras pessoas passarem pela experiência da regressão tornei-me cético pelo grande número de Napoleões, Dom Pedros e Princesas Isabéis que surgiram das vidas passadas delas.
Certa vez tive um sonho futurista, surreal. Meu pai e eu vínhamos da roça quando escutamos um barulho no céu. Ao olharmos deparamos com centenas de aviões sobrevoando o céu de Schroeder. Havia aviões de todos os tipos e naves estranhas entre eles, naves que só em filmes de ficção seriam possíveis. Quando tive este sonho ainda não conhecia o filme “O Dia em que a Terra Parou”. Corremos para casa e encontramos mamãe assistindo a um pronunciamento na televisão. Um repórter declarava que naquele dia a Terra havia sido invadida por extraterrestres que se diziam protetores do planeta. Anunciou que, por tempo indeterminado, estavam proibidas quaisquer intervenções que afetassem o ecossistema, como plantar e colher qualquer planta, matar ou caçar qualquer animal. A partir daquele dia seriam distribuídos alimentos sintéticos aos humanos.
Não provei os tais alimentos, pois acordei em seguida, mas continuo fascinado pelos meus sonhos malucos.
Gil Salomon
Após o jantar deitei no sofá e comecei a cochilar, estava na fronteira entre o sono e a consciência. Despertei e comecei a lembrar dos estranhos sonhos que já tive em meus sonos. Quase sempre lembro claramente dos sonhos após acordar. Mas afinal o que os produz? Antigamente os sonhos eram vistos como revelações do além e pessoas que se diziam capazes de decifrá-los galgavam altos postos juntos aos monarcas, principalmente, e aos poderosos. Hoje a ciência procura desmascarar o misticismo que sempre os cercou afirmando que são produzidos pelas impressões gravadas do nosso cotidiano, experiências, traumas, desejos não realizados. Mesmo assim os sonhos ainda fascinam.
Quando criança costumava ter sonhos recorrentes. Num deles observava um rio do alto de um barranco. De repente o barranco começava a desmoronar e eu começava a correr, quanto mais corria mais rápido ele desmoronava e, após um tempo, que sempre parecia enorme, acordava suado e assustado. Já não sonho mais com o rio, até por que o rio da minha Schroederstrasse encolheu e já não passa de um pequeno riacho de águas sujas. Havia também os sonhos quase cômicos. Várias vezes sonhei estar numa festa, num salão cheio de pessoas bem vestidas, mas de repente, ao olhar para baixo percebia haver esquecido de calçar um sapato. Lá estava eu com um sapato e um chinelo, procurando, se possível, esconder um pé e torcendo para que ninguém percebesse.
Já na faculdade de parapsicologia fui aconselhado a fazer uma regressão às minhas vidas passadas para tentar descobrir o porquê de um sonho que voltava sempre. Sonhava estar cercado por pessoas conhecidas, quando começava lentamente a perder a visão até cegar completamente. Desesperado chamava pelos meus amigos, mas por mais que chamasse, mesmo sentindo estar cercado por eles, ninguém respondia. Aproveitei a vinda de um parapsicólogo, especialista em regressões, e me inscrevi para fazer a experiência. Após uma sessão ele concluiu que em uma vida pregressa eu havia sido um membro da chamada seita dos cátaros, que surgiu no sul da França no século XI e foi exterminada no século XIII. Nessa vida fui condenado à fogueira, mas antes disso fui cegado e isso teria deixado marcas muito fundas em minha alma. Fiquei impressionado na ocasião, mas depois de assistir a várias outras pessoas passarem pela experiência da regressão tornei-me cético pelo grande número de Napoleões, Dom Pedros e Princesas Isabéis que surgiram das vidas passadas delas.
Certa vez tive um sonho futurista, surreal. Meu pai e eu vínhamos da roça quando escutamos um barulho no céu. Ao olharmos deparamos com centenas de aviões sobrevoando o céu de Schroeder. Havia aviões de todos os tipos e naves estranhas entre eles, naves que só em filmes de ficção seriam possíveis. Quando tive este sonho ainda não conhecia o filme “O Dia em que a Terra Parou”. Corremos para casa e encontramos mamãe assistindo a um pronunciamento na televisão. Um repórter declarava que naquele dia a Terra havia sido invadida por extraterrestres que se diziam protetores do planeta. Anunciou que, por tempo indeterminado, estavam proibidas quaisquer intervenções que afetassem o ecossistema, como plantar e colher qualquer planta, matar ou caçar qualquer animal. A partir daquele dia seriam distribuídos alimentos sintéticos aos humanos.
Não provei os tais alimentos, pois acordei em seguida, mas continuo fascinado pelos meus sonhos malucos.
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